[VER PASSAR NAS FOLHAS DAS ÁRVORES]
Ver passar nas folhas das árvores
a cauda aberta dos peixes
no brilho de mica do granito,
a cintilação nocturna das estrelas
nas veias da mão, a ramificação
das pétalas
de rosa
(por exemplo). Porque o mundo copia
desvairadamente as suas cópias de cópias
enquanto inventa as diferenças:
insano mestre de loucos, artesãos,
da sombra esguia do fim da tarde,
multiplicador de inexistências,
mãos zootécnicas refeitas na parede
onde uma asa, uma ave, é (e não é)
a sombra de uma ideia projectada.
Siringe, Averno, Lisboa, 2017.
Há 10 horas