RUA DO SACO, N.º 15 (II)
o meu vizinho predilecto
morreu na guerra.
ele gostava de mim porque me acenava
quando dizia o meu nome.
no Verão, o meu vizinho passava, todas as manhãs,
perto da minha porta.
ia a caminho do mar.
quando me disseram que ele morrera na guerra
eu ainda não pensava que podia lá morrer.
eu não me recordo do nome do meu vizinho,
e queria tanto dá-lo
à saudade que dele tenho.
Os ossos dentro da cinza, Averno, Lisboa, 2017.
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