quinta-feira, 24 de julho de 2008

RUI NUNES

VÉSPERAS PORTUGUESAS


o dia corre de poente para nascente, a chuva
é um lençol tenso sobre os velhos que separam
as lembranças, com palavras que não chegam
a dizer: esquecem os subterfúgios do tempo
e avançam cambaleantes pelas grandes fissuras
entregues ao despovoamento alucinante

no interior dos carros, os crimes
são ligeiras confidências


Ofício de Vésperas, Relógio d'Água, Lisboa, 2007.