sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ANTÓNIO RAMOS ROSA

[PARA UM AMIGO TENHO SEMPRE UM RELÓGIO]


Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.


Poemas portugueses [de Viagem através de uma nebulosa], org. Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Porto Editora, 2009.