sábado, 19 de novembro de 2011

ANTÓNIO BARAHONA

CORRESPONDÊNCIA COM ALPHONSE DE CHATEAUBRIANT


Fugir, fugir o mais depressa possível
para o cume da montanha,
onde a neve não derrete
e, solitário, respirar neve,
tomar banho em neve,
esfregar-me com neve,
rolar na neve,
comer neve,
fazer-me, a mim próprio, de neve,
até sentir bater,
em redor de mim
e dentro de mim,
um coração de fogo.


Raspar o fundo da gaveta e enfunar uma gávea, Averno, Lisboa, 2011.