O silêncio da Travessa pesa às suas putas como a qualquer passante.
Também elas esperam qualquer coisa, nada de especial, uma palavra. Não necessariamente um convite. Não uma palavra de salvação, ou de violência, ou da habitual e falsa cupidez. Uma palavra simples e banal, que não queira dizer nada mas que lembre que todos fazemos parte da mesma rua inóspita, que o mesmo é dizer da mesma terra obscura.
Travessa dos Remolares, Paralelo W, Lisboa, 2013.