terça-feira, 26 de maio de 2015

ANTÓNIO BARAHONA

ERA UMA VEZ EU


Era uma vez
Eu nu e cintilante
prostrado ante a Magnífica
Mulher Mágica
Eu num submarino
a percorrer-me as veias
Eu a chicotear um cavalo sem pernas
Eu a partir ostras ao centro do pátio
Eu a separar a treva do vidro
Eu amestrando um exército de formigas brancas
Eu no fundo de uma cratera
a escrever o poema diligente do Sol


Pássaro-Lyra, Averno, Lisboa, 2015.