quinta-feira, 24 de março de 2016

INÊS LOURENÇO

PRÉSTIMO


Um gato não serve realmente
para nada, vão quase seis séculos
desde o tempo das caravelas
onde embarcou com os marítimos para
extermínio dos roedores que
infestavam o porão das naus. Agora
só o dorso oferece às carícias
ou ao regaço o peso
do pequeno corpo, ronronando
a grata beleza de existir.


O segundo olhar: poemas escolhidos [org. de José Manuel Teixeira da Silva], Companhia das Ilhas, Lajes do Pico, 2015.