[«SOUBE ENCONTRAR NO AREÃO A FLOR EM TRANSE.»]
«Soube encontrar no areão a flor em transe.»
e apontaste o ventre aberto da ondina:
carnagem crua te enquadrava, laminosa,
a face fria com a nuvem de falenas,
um relâmpago no estômago, e essa ombreira
pálida à mercê da lamparina; ovíparos
recados sob estacas, e tripas, e folhas
e escamas também. Engastado à tua voz,
«Toca-me os olhos com as pontas, sem a sombra
que de repente se enrolou entre os meus passos.
Vê, sob os círculos do peito, o peixe negro:
morde, puxa, rasga a pele do braço avesso»
E há tempo à justa pra empalhar outra corola,
o laço escuro a ecoar a trovoada
Piolho, n.º 6, Edições Mortas/Black Sun Editores, Porto/Lisboa, 2011.
Há 2 horas