I GOT RHYTHM
Quando eu te conheci, Al, pensei imediatamente
que viríamos a ser uma dessas duplas
tão perfeitas e viscerais que só acontecem de tempos
a tempos, mas ratificam, por breves instantes, a eternidade.
Como Billie e Lester, Duke e Hodges, Pops
e Ella ou Bill Evans com Tony Bennett.
O tempo, porém, foi-nos infiel – e da eternidade
nada quero nem posso dizer. Prefiro
lembrar aqueles pequenos-almoços,
antes de seguirmos para o estúdio,
quando tudo nos fazia acreditar que tu e eu
bastávamos para fazer o melhor disco de sempre.
Dura tão pouco, sempre. Cansaste-te do meu corpo,
talvez da minha voz, das únicas verdades
que tinha para te dar. O mundo, esse, não me interessa.
Antes ou depois da morte, continuas a ser
«My young man with a horn».
E isso, Al, ninguém poderá calar.
Marilyn Moore, Assírio & Alvim, Lisboa, 2011.
Há 3 horas