VEJO
vejo
a pequena suja
a brincar na rua
com os cagalhões dos cães
não digo que seja sublime mas
como tudo
não deixa de ser interessante
alguns
parecem as
galáxias
mais longínquas
ou os berços
de estrelas
Barnard 68
tudo claro
mérito dela
e das suas mãos
gostava também
de ir brincar com ela
mas
quem sou eu para isso
já nenhum poeta o faz
só uma ou outra das 4.370
inspecções-gerais da vida corrente
já nenhum poeta o faz
nem os maiores
nem os simplesmente grandes
e menos ainda os pequenos
já nenhum poeta o faz
De nada, Boca, Lisboa, 2012.
Há 1 hora