Entre outras coisas que os pais são ou costumam ser, o meu pai foi, tem sido, um problema para mim. À semelhança, de resto, do que eu próprio devo ter sido, e penso que continuarei a ser, para ele: outro problema.
Até aqui, nada do outro mundo, eu diria, nada que esteja fora dos moldes comezinhos e tradicionais em tal matéria.
Um problema a resolver, ou tão-só a controlar. Ou tão-só a contornar. Muito bem.
E devo até reconhecer que as coisas entre nós não melhoraram, nem sequer se alteraram significativamente nos últimos anos, isto é, nem com a velhice dele, primeiro, nem depois com a minha.
Nem com a circunstância de a morte dele ter acontecido há já uns pares de anos.
No Martim Moniz com o meu pai, Landscapes d'Antanho, O Homem do Saco, Lisboa, 2013.