quinta-feira, 30 de outubro de 2014

MARIA DA CONCEIÇÃO CALEIRO

[THE FIRST DAY A GIRL DIES]


[...]

The first day a girl dies
No primeiro dia em que uma rapariga morre, talvez ela se tenha lembrado da verdade
Com a sua cabeça esvaziada

No segundo dia em que uma rapariga morre
Com as suas pernas decepadas
Talvez tivesse chegado perto da verdade

No terceiro dia em que uma rapariga morre
Com as suas orelhas cortadas
Talvez tivesse ouvido a verdade

No quarto dia em que uma rapariga morre
Com os olhos arrancados
Talvez tivesse visto a verdade

No quinto dia em que uma rapariga morre
Com a sua língua sacada
Talvez tivesse falado a verdade

No sexto dia em que uma rapariga morre
Com as suas mãos desfeitas
Talvez tivesse escrito a verdade

No sétimo dia uma rapariga
Is going to die

[...]


Too much, Alambique, Lisboa, 2014.