MARTINI
Insistimos num facto,
aviltante como nós
– ou talvez por isso.
Não sei se será bem
um facto, isto
que me fez seguir-te,
embora o meu caminho
fosse de facto aquele:
a paragem do 42,
que me traz como sempre
a casa, ao sítio do costume,
cercado de livros, paredes
e vizinhos. Queres coisa
mais banal? Talvez
este coração azul,
a tinta em que escrevo
que são seis horas da manhã
e que os cigarros começam
a saber-me mal (o Martini
não, valha-me isso, ao
menos – que pouco é
mas para nada serve).
Inês Dias [de Game over], Nigredo, Lisboa, 2014.
Há 5 horas