PRINCÍPIO
Havia junto ao velho portão
um monte de tijolos vermelhos
e não existe nenhuma razão concreta
para se considerar relevante aquele momento.
Porém, julgando tocar a eternidade,
a criança ordenou ao tempo
que parasse. Pequeno deus
brincando sozinho ao entardecer,
sob as amarras azuis do bibe.
A ordem, claro, não pôde
ser cumprida. E só lhe restam
agora o tempo, o nada, a morte
e as palavras que não sabem dizê-los.
Ou essa música para mãos paradas
que trouxe consigo o Outono,
junto do velho portão verde
que tantos anos depois reabriu.
Chama-se Pandora, Cassandra,
Télefo, mas volta a assinar
Havia junto ao velho portão
um monte de tijolos vermelhos
e não existe nenhuma razão concreta
para se considerar relevante aquele momento.
Porém, julgando tocar a eternidade,
a criança ordenou ao tempo
que parasse. Pequeno deus
brincando sozinho ao entardecer,
sob as amarras azuis do bibe.
A ordem, claro, não pôde
ser cumprida. E só lhe restam
agora o tempo, o nada, a morte
e as palavras que não sabem dizê-los.
Ou essa música para mãos paradas
que trouxe consigo o Outono,
junto do velho portão verde
que tantos anos depois reabriu.
Chama-se Pandora, Cassandra,
Télefo, mas volta a assinar
Manuel António.
Beau séjour, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.