quinta-feira, 8 de outubro de 2015

RUI PIRES CABRAL

IV. AVANT-DERNIÈRES PENSÉES 3


Basta de elegias às cidades brancas
do fim do Verão. As luzes secaram
dentro das palavras, já nada
as instiga – e que importa, afinal?

Seja como for, tive pouca fé
e más companhias do melhor que há:
amores viajantes, livros emprestados
(tudo é emprestado, se formos a ver),

amigos seguros e outros que o não
foram, nem tinham de ser. Uma coisa
é certa: a hora passou e os versos
murcharam. Deixai-os morrer.


Telhados de Vidro, n.º 20, Averno, Lisboa, 2015.