Se o dia fabrica paisagens a noite concebe vazios.
A mil cento e vinte e três quilómetros de distância, a Sul, está tão escuro como ali. A segunda parte da noite. Deitada de costas, a Lua é magra. Já alcançou o centro da abóbada. As estrelas, distantes e indiferentes às vidas humanas, brilham a sua solidão perpétua. Mas, o que se decide ali, naquele instante, dentro daquela casa, influenciará pessoas e acontecimentos a mil cento e vinte e três quilómetros, a Sul.
A distância não tem suficientes quilómetros para se pôr a salvo, nem da noite nem da passada larga do destino.
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No Céu não há limões, Caminho, Alfragide, 2014.