«I WAS ENTIRELY INSULAR.»
Horas a fio cercado de angústia
por todas as partes. A noite era vária
e trazia pela mão os bebedores,
seus prometidos. Nos sonhos via,
recorrente, um sino que oscilava
sem ruído e a aldeia estranhamente
abandonada, quatro ruelas entregues
ao espanto de um meio-dia infinito.
Se acordava, logo vinha ter com ele
a mesma dor, como um animal
sedento de atenção e companhia.
Era um estado de renúncia
e nenhum verso o aproximava já
de si, mas de alguém desconhecido
entre corpos que passavam,
desconhecidos também, todos eles,
desde o primeiro. Não tinha
com quem falar, nem saberia dizer
como pudera perder-se
de tudo quanto amara e conhecera.
E ao começo do verão quase se deixou
vencer, sentado no seu exílio
a olhar para os telhados, lá em cima
onde o silêncio o sequestrava.
Telhados de Vidro, n.º 10, Averno, Lisboa, 2008.
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