quarta-feira, 20 de maio de 2009

JAIME ROCHA

POEMA QUATRO


Exausto, pela manhã, o homem contempla a
sombra das mulheres que desaparecem junto ao
mar, misturando-se com os crustáceos. A sua
dor está dentro dos búzios, numa fala que lhe
paralisa os músculos. Os olhos apenas sentem as
imagens da música e as suas lágrimas solidificam
como se pertencessem a um grupo de fósseis.
Não há tempestades que devolvam o ânimo aos
pássaros que se encostam às paredes dessa ilha.
Apenas os frutos seguem o seu ciclo, amadurecem
com o sol e preparam-se para as colheitas de Verão.


Magma, n.º 0, Lajes do Pico, 2005.