X - O CORAÇÃO
O coração assemelha-se
a quanto posso perder
– tudo – junto a ti.
Sob o sinal de anos pretéritos
a sós com o meu olhar
a colecção das nossas perdas
ganha um involuntário valor
sobre estes dias.
Adere a cada hora
um significado como uma forma
de gravidade sobre o tempo.
Hoje sei como se perde
a noite e nela a vida; como se
decompõe entre a luz e a sombra
onde um corpo espera.
Não é a ausência, tão-só o amor
quem faz esta vigília, esse excesso
que é também abreviatura
e aqui termina.
XX Dias, Averno, Lisboa, 2009.
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