terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SOLEDADE SANTOS

E NO ENTANTO O DIA É FUNDO


O horizonte abre-se na cal que maio lava
e no entanto o dia é fundo
de armários, invernos e cheiros
a madeira encerada.
No côncavo de maio existem
antigos sons de respiração,
crianças perdidas no escuro
procurando saídas que não encontram.
Lembro-me –
eu brincava no vão da escada
e vieram dizer (seria maio
ou julho talvez) a mãe morreu.


Sob os teus pés a terra, Artefacto, Lisboa, 2010.