FUNERAL
Meu velho cão, quero que vás ao meu enterro!
Mas nada de lamúrias, a uivar...
Irás contar quando, de serro em serro,
Apátridas, libertos, par a par.
Por fragadas do demo e da esconjura
Vales dormentes, touceiros devassando,
À senda, nem eu sei, de que aventura,
Fomos na vida efémera sonhando...
Irás! Quero levar de perto o teu focinho!
E ao voltares, de olhos tristes, ao teu ninho
Terás sempre presigo e regalia...
E se quem me ficar for de justiça
Terás também inteira a linguiça
Da qual só te calhava a pele vazia.
Poemas do Solstício, Câmara Municipal de Vila Real, 2000.
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