[ERA UM PAÍS, UM CORPO]
Era um país, um corpo,
uma cidade de ossos
calcinados, onde nem cães
metiam o dente.
E o corpo é um cristal lívido
no centro d'uma praça, deportado,
límpido, onde nem os homens
se atrevem.
A cidade aposta-se toda
na espessura do sono, na
candura banal, vulgar,
do país em ruína:
impaciente.
Cal, Averno, Lisboa, 2015.
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