segunda-feira, 30 de novembro de 2015

PAULO DA COSTA DOMINGOS

[ERA UM PAÍS, UM CORPO]


Era um país, um corpo,
uma cidade de ossos
calcinados, onde nem cães
metiam o dente.

E o corpo é um cristal lívido
no centro d'uma praça, deportado,
límpido, onde nem os homens
se atrevem.

A cidade aposta-se toda
na espessura do sono, na
candura banal, vulgar,

do país em ruína:
impaciente.


Cal, Averno, Lisboa, 2015.