CRÓNICA
Uma gripe que se arrasta,
um jantar que ficou azedo,
uma lembrança por enganosa,
um empenho que não vale o que custa.
Para outra altura fica o resumo
dos milagres, o relato dos prodígios,
a prova derradeira da falência dos humores.
Agora, mais do que antes, os artistas
têm pressa e o demiurgo acordou;
o espírito afundou-se nas águas.
Amanhã, quem acordar cedo terá
mais tempo para se arrepender.
Como se nada fosse, Assírio & Alvim, Lisboa, 2015.
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