ONZE LINHAS, QUASE NADA
acabei, há pouco, de pensar.
não encontrei, em mim, nada que mereça ter um nome.
ficar entre duas aspas, disse à minha voz,
não me salva do abismo.
não há nada que segure as palavras
da vergonha,
e a queda não tem amparo
quando se cai de punhos lassos.
todos os dias morre um homem que só queria
ter um pouco mais de tempo, digo,
e escrevo a minha culpa dentro das minhas mãos.
Cão Celeste, n.º 11, Lisboa, 2017.
Há 11 horas