VÉSPERAS PORTUGUESAS
o dia corre de poente para nascente, a chuva
é um lençol tenso sobre os velhos que separam
as lembranças, com palavras que não chegam
a dizer: esquecem os subterfúgios do tempo
e avançam cambaleantes pelas grandes fissuras
entregues ao despovoamento alucinante
no interior dos carros, os crimes
são ligeiras confidências
Ofício de Vésperas, Relógio d'Água, Lisboa, 2007.
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