REIS
está para chegar o inverno
desbotam as cores de estio no teu sorriso
são martinho atravessa a Rua da Palma
e a avó reza a santa bárbara
eu mordo o lábio quando tocam os sinos
no jardim zoológico abrigam-se os leões
passa a última fanfarra à nossa porta
chegou o tempo de jogar ao prego
virá o discurso do patriarca
e o radiador entre os pés e a televisão
o gato dorme ao nosso colo
vamos pôr os músicos sobre o musgo do presépio
depois chegam os Reis (é um dia sempre triste)
e sob a chuva de domingo a alma passeia
envergando o seu fato branco de janeiro
Thaumatrope, Averno, Lisboa, 2007.
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