POLÍTICA
É um poeta sério,
que escreve versos sérios,
foi o que me disseram,
árduos, saudáveis,
que se podem repetir
antes de almoço
e depois da eucaristia,
em que a realidade,
essa puta velha,
não é menos resistente
que ele e outros,
que dão o corpo ao manifesto
e confirmam, sem caução,
que a solidão é paciente
e o desejo anónimo
– as manhas do canastro
cabem todas em qualquer
cama ou no verso
e meio que ainda falta.
Mais Tarde, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.
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