quarta-feira, 10 de junho de 2009

PEDRO BRAGA FALCÃO

[A SINCERIDADE DESSA GATA]


A sinceridade dessa gata,
de um tigrado quase infinito,
delicada como alegre jogo
de crianças adormecidas,
lembra-me, à tarde,
quando ouço pianistas,
uma única varanda
e uma única janela.
Como solstícios de inferno
o repuxo abre-se em luz.
Tomara o canto fosse nosso
sem searas e sem ciprestes.


Do Príncípio, Cotovia, Lisboa, 2009.