quarta-feira, 16 de setembro de 2009

INÊS LOURENÇO

DESALINHO


Nenhum destes poemas
fará parte de um livro
adoptado nas escolas. Há
muito tempo que não escrevo
azul mar e barcos ou outras
palavras para alívio de almas
homéricas.

Prefiro – ou preferem-me
aquelas como: desalinho
alinhavo ou logro ou outra
qualquer. Nunca o arremedo
de uma palavra única esgota
o muito ou nenhum sentido
de um verso.


Disfunção Lírica, & etc, Lisboa, 2007.