para o Manuel de Freitas
Noites de tabaco com resina
de Marrocos, pequenos quartos
onde a música era enorme.
As ruas pulsavam, eram coisas
mortais, o pensamento um carrossel
de monstros vivos. E nós os únicos,
os mais sós, os mais relapsos
no caminho que descia do devaneio
à angústia. Esquecidos das horas
num qualquer degrau perdido,
o futuro era aterrador: it will end
in tears. E tudo o que sabíamos
estava errado, menos isso.
Resumo: A poesia em 2009 [de Oráculos de cabeceira], Assírio & Alvim, Lisboa, 2010.