para o Rui Pires Cabral
Não se explica, certamente,
o peso camoniano do primeiro
encontro, palavras sem açúcar
nem café. E logo nós,
tão avessos a soluços épicos,
ao rigor da claridade,
às fúteis manobras da sombra.
Logo nós, relógio esquecido nos bolsos.
Ficámos de regressar à música,
sem certezas. A não ser,
talvez, um prelúdio de Chopin
incapaz de desmentir a chuva
e o brusco entardecer de Alcântara.
Palavras; dobrada folha de zinco
separando-nos da morte.
Blues for Mary Jane, & etc, Lisboa, 2004.