COMPUTADOR NO LIXO
Eis um computador
no lixo. E todavia
o crânio de lata teve memória dentro
– gigabytes dela! –,
fez as quatro operações,
aceitou versos
no seu imaculado
vazio virtual.
Agora já não soma
nem subtrai,
nem geme poemas, nem sublinha
erros de ortografia.
Os pingos de solda, precários
neurónios de metal,
perderam a memória.
Já que te antecipaste,
companheiro,
diz-me como é não funcionar.
E se a ferrugem dói.
Como se Bosch Tivesse Enlouquecido, João Azevedo Editor, Mirandela, 2003.
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