quarta-feira, 3 de março de 2010

PAULO TEIXEIRA

AMPULHETA


E o tempo conheceu a sua estatuária.

O trilho visível e medido no ar
em que os segundos se derramam
– sem símbolo de pausa nem desvio de curso –
de um céu suportado por colunas.

As horas afluem inatas, articuladas,
sem instante inaugural nem fim à vista,
como se lenta florisse a flor da farinha
sem cheiro a meio desta globulária de vidro.

O tempo casou-se com o mundo nesta imagem.


Orbe, Editorial Caminho, Lisboa, 2005.