quarta-feira, 13 de outubro de 2010

JORGE GOMES MIRANDA

O ERRANTE


Um dia, tínhamos decidido
faltar às aulas, perguntou-me:
«o que fazes de noite
para estares sempre tão triste de manhã?»

A noite: ruas que remetemos na memória:
a distracção para tudo o que não seja
o que lábios vêem
ou nada existir para lá do limite rugoso das

palavras, incessantes fulgores
mas que nada restituem
quando estrela alguma cinge o errante.


Curtas-Metragens, Relógio d'Água, Lisboa, 2002.